Finda agora um longo e divertido semestre na Unidade Curricular “Aprendizagem com tecnologias móveis”! – Quem diria que eu estaria a dizer isto! Quem me conhece sabe o quão irónico! Passo a explicar.. Nunca fui muito dada às tecnologias, e quando vi as opções disponíveis para o terceiro ano, pensei “É desta! É neste último ano da licenciatura que me vou conseguir livrar das tecnologias!”. Mas, sorte dos azares, não tive outra opção senão inscrever-me nesta cadeira somente pela razão de conseguir completar todos os créditos necessários. “Afinal não foi desta…” – pensei eu, desmotivada.
Na primeira aula fui com uma postura de quem estava contrariada por estar ali, mas, como em tudo na vida, para as coisas boas acontecerem basta dar uma oportunidade. O professor começou mesmo por ai, por perguntar quem tinha escolhido esta opção de livre e espontânea vontade. As respostas não foram muitas, mas mesmo assim ele não desmotivou; antes pelo contrário, acho que foi uma espécie de desafio! Disse-nos que, exageradamente pensei eu, “não sabia nada daquilo” (e talvez por essa frase tenha ficado célebre). Iríamos construir a unidade curricular juntos, consoante os nossos interesses e as coisas giras que quiséssemos explorar. Não é a primeira vez que alunos ouvem coisas assim e depois na prática nunca nada é realizado.
Eis a minha surpresa quando, no decorrer das aulas, foi exatamente assim! Fizemos algumas leituras que nos deram a conhecer atividades a realizar com o uso tecnologias móveis na educação – onde aprofundei o meu conhecimento sobre os podcasts por exemplo; mas até essas leituras tinham como objetivo explorar e partilhar em grande grupo o que tínhamos encontrado. Aprender autonomamente e com o outros – parece uma ideia contraditória mas foi o que aconteceu. Fomos explorando vários conceitos e aplicações que iam surgindo (como a realidade aumentada, QR Code, Aurasma,…) por nós mesmos, cada um no seu dispositivo móvel e depois íamos mostrando aos colegas e professor aquilo que tínhamos conseguido fazer, e eles diziam aquilo que tinham conseguido, e procurávamos juntar essas ideias – e assim nos tornámos verdadeiros peritos nas aplicações que fomos conhecendo! Esta partilha ficava reforçada pela criação de um site – este mesmo onde escrevo – onde todos dávamos a conhecer o que íamos fazendo e pensando.
A base era a prática, um conceito adormecido em tantas outras unidades curriculares. E foi esta base que permitiu desenvolver a quantidade de aprendizagens e competências que desenvolvemos. Uma base que o professor foi construindo enquanto orientador do seu grupo de alunas que se assumiam como principais sujeitos do seu próprio processo de construção do conhecimento! Foi uma boa experiência com um professor que raramente está sentado na sua secretária em frente das nossas, mas sim em constante circulação; um professor que assume que temos tanto a aprender com ele, como ele connosco!
O culminar de toda esta componente prática a que sempre fomos estimuladas na unidade curricular foram os nossos projetos finais a apresentar no dia 1 de Junho num contexto real com crianças e pessoas! Tivemos efetivamente um produto, reflexo do nosso trabalho e aprendizagens, a ser dinamizado mais do que simplesmente apresentado! Considero que este tenha sido uma grande motivação.
Aprendemos os diversos usos que as tecnologias móveis podem ter, as inúmeras atividades que se podem criar, com variados conteúdos, contextos e públicos. Aprendemos que há sempre uma ideia nova a ser explorada. Experimentámos diferentes espaços, diferentes aplicações, diferentes conceitos – aceitámos diferentes desafios. Um “aprender fazendo” sempre seguido muito à risca.
O professor avisou-nos que nos íamos divertir e revolucionou as minhas expetativas! Hoje digo “ainda bem que não foi desta!”